O dia em que a Terra parou.


por Milton Pazzi Jr.
 
Como foi a contratação de Ronaldo, que mexeu com o futebol brasileiro e fez o nome do Corinthians ganhar o mundo

SÃO PAULO – A mais badalada contratação do futebol brasileiro dos últimos tempos teve o martelo batido num tête-à-tête entre o presidente Andres Sanches e o atacante Ronaldo num hotel no Rio de Janeiro no final de 2008.
Enquanto o diretor de marketing Luís Paulo Rosenberg e o empresário Fabiano Farah discutiam a parte chata do assunto (cláusulas de contrato), o presidente convidou o jogador para levantar da mesa, dando uma pausa no café da manhã. Ele queira acender um cigarro. O papo, a sós, foi mais ou menos assim: “Ronaldo, eu não vou poder pagar”. O atacante rebateu: “Mas quem está falando em dinheiro é você, não eu.” Andres rabiscou num papel um valor que seria aceitável para ele e para o atleta, algo em torno de R$ 400 mil por mês. O resto, disse o cartola, a gente acerta com patrocínios. Ronaldo disse sim. O negócio estava fechado.
Assim, entre uma baforada e outra, bem ao estilo Andres Sanches, Ronaldo Fenômeno foi contratado. O que parecia impossível não era mais. As formalidades contratuais ficariam para depois, para Fabiano Farah e para o escritório de advocacia que cuida de tudo o que envolve a empresa chamada Ronaldo.
“Eu também imaginava que fosse só um sonho, mas acabou sendo possível. Não temos de perguntar o quanto ele vai ganhar. Temos de ver o quanto o Corinthians vai se dar bem”, afirmou Andres Sanches ao JT no dia do anúncio oficial da contratação, 9 de dezembro de 2008. Estava orgulhoso.
O presidente confessou que era só um sonho distante ter Ronaldo no clube porque, antes desse dia, ele já havia feito contatos com Farah, com advogados espanhóis, e tinha saído meio descrente das preliminares. Mas o próprio Ronaldo se dispôs a levar a negociação adiante e ligou para Andres marcando o tal café da manhã. Quase não deu certo. O dirigente não atendeu a chamada porque não sabia quem estava ligando. Minutos depois, ele foi avisado que o telefone confidencial que aparecia em seu celular era do Fenômeno.
Essa história desmente, em parte, o que o próprio atacante dizia sobre o que o havia levado a se acertar com o Corinthians, um projeto para ele, diferentemente do Flamengo, que o deixava treinar em seu CT, mas que não havia feito proposta alguma para tê-lo. O “projeto” ao qual se referia estava rabiscado num pedaço de papel qualquer.
Apresentado no Parque São Jorge no dia 12 de dezembro de 2008, Ronaldo levou pouco mais de 6 mil pessoas ao acanhado estádio corintiano, a Fazendinha. Mais que isso, o nome Corinthians explodiu na mídia – no Brasil e no mundo, exatamente como imaginava Andres. Não era para menos. O time tinha em suas fileiras o artilheiro de todas as Copas, com 15 gols.
O clube dava ainda seu passo à internacionalização. E Ronaldo, eleito três vezes o melhor do mundo, seria o patrona dessa caminhada.
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