Hip Hop em Brasília


Por: Kelly Soares

Estilo musical tem como objetivo enfatizar a realidade vivenciada pela população nos subúrbios.

O Hip Hop surgiu em 1970 nos subúrbios negros e latinos de Nova York, mas só chegou ao Brasil em 1980, através da influência de filmes e grupos americanos. Seu criador, Kevin Donovan também conhecido como Afrika Bambaataa, afirmava que queria transparecer a realidade do povo no gueto através dessa cultura.
Naquela época as pessoas da periferia enfrentavam diversos problemas, como: pobreza, violência, racismo, tráfico de drogas, entre outros. Cansados de serem vistos como uma classe desfavorecida, jovens do gueto adotaram o hip hop, para mostrar a realidade vivida pelos mesmos e deixar a sociedade informada dos acontecimentos que rodeavam o cotidiano deles.
O estilo cultural atingiu a Capital Federal em 1983, por intermédio de filmes, propagandas e grupos americanos. O primeiro grupo a adotar o estilo musical foi o DF zulu breakers. O grupo é formado por B. boys, MC e grafiteiros, todos dando ênfase à importância da cultura na Capital. O grupo que deu maior expressão no cenário do hip hop, foi o grupo brasiliense GUIND’ART (1994), com músicas que ínsita a escolha entre o bem e o mal e mostra a realidade dos dois lados da sociedade: riqueza e pobreza; o grupo conseguiu atingir não só a capital, como Entorno Goiânia, São Paulo e Belo Horizonte.

Outro grupo de grande percussão na história do hip hop em Brasília, é o “Cirurgia Moral” (1993) com letras realistas, o quarteto fala do crime, preconceito racial e drogas, em comando do vocalista Ray. O grupo seguia padrões dos grupos mais conhecidos, como: Pavilhão 9, facção central e Racionais MC´s. E não dá para não citar “ Hungria”, grupo que está conquistando os jovens para o hip hop a cada vez. O vocalista Gustavo da Hungria Neves, começou a compor suas letras com apenas 8 anos de idade e deu inicio a sua carreira aos 13. Hoje aos 20 ele tem milhares de fãs e letras marcantes.

“Eu gosto de Hungria, porque nos faz voltar para o público jovem. O hip Hop ainda é muito discriminado, basta ver um garoto com roupas afogadas e as pessoas já pensam que serão roubadas.” Afirma, Mikaela, 18, fã de Hungria.

Em Brasília o hip hop não é muito citado, mas ONG´S já surgem para gravar essa cultura na capital. O primeiro projeto foi criado em Brazlândia, chamada ONG IPAC-DF. Em seguida num mesmo objetivo surgiu a ONG –REC, com a missão de tirar jovens da rua, mostrar a verdadeira face dos usuários de entorpecentes, e manter as crianças com a mente ocupada, oferecendo-lhes oficinas de dança, rap, DJ, e grafite. O objetivo futuro dessas ONG´s é levar o estilo cultural para todas as cidades que queiram receber esse tipo de apoio.
O preconceito ainda é grande em se tratando do hip hop, mas a intenção dos grupos que adotam esse estilo, é levar aos jovens a conscientização sobre crimes, drogas, gravidez e violência, numa linguagem que eles entendam. Se tratando de adolescentes não há estilo mais apropriado que o hip hop para deixa-los informados sobre os temas polêmicos que rondam o nosso cotidiano.


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